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31 de dez. de 2011

O tom do mistério...

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"Não quero me desvencilhar deste tom de mistério que torna a existência tão interessante. Não deixarei de ser livre por imaginar uma resposta que me traga proibições, restrições e incessantes buscas por uma suposta perfeição. Quero viver e só... Para que grandes pretensões que se encerram em nada, preocupações por saber de qual a resposta que define todo conhecimento do universo? Pior ainda, por que escolher uma resposta e tentar convencer a todos de que ela é a melhor? Enquanto buscamos nos submeter a sentidos por demais etéreos, esquecemos da vida, esquecemos da felicidade, dada a preocupação com regras e princípios vazios."  

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O tom do mistério...

A vida é mesmo permeada de mistérios. Não pedimos para existir e aqui estamos; não sabemos de onde viemos, para onde vamos ou qual seria, de fato, o sentido de tudo ou nada. Haveria um sentido? Destino, Deus, deuses, uma força que a tudo compõe... as hipóteses são muitas para os infinitos questionamentos humanos, esta ingênua e um tanto cruel espécie que se veste de uma falsa superioridade, absoluta.
Olhando para tal quimera que nos consome desque somos inseridos na existência, fitando este mar onde navegamos a esmo, mar este de rosas, espinhos, tempestades e calmarias, imagino a complexidade e, por ser assim, a simplicidade que nos envolve. Tudo tão complexo e tão simples. Mergulhamos nas águas das dúvidas, nos afogamos mesmo é nas respostas que arriscamos a crer e vivenciar. Desta forma, nos entregamos a verdades a quem elegemos superiores, nos sujeitamos a elas e, na maioria das vezes, para nosso próprio desgosto na vida, limitamos a existência com respostas vazias que a tudo sufocam e esmagam. Seria mesmo necessário tal caminho?
Por que tanta preocupação por saber de tudo? Todo conhecimento do universo, o passado, o futuro; coisas que não nos pertencem, muito barulho por nada, já que, ao fim de tudo ou nada, tudo poderia ser um sonho, uma ilusão ou algo completamente difuso do que a limitada mente humana conseguiu alcançar em suas divagações.
Divagações, eu as amo, mas jamais permitirei outra vez que sejam fundamentos inquestionáveis e sagrados. Não, preferirei tê-las como pensamentos curiosos que me tragam beleza para o que de fato tenho, a vida, a existência. Farei delas um meio de pensar em maneiras outras de amar meus semelhantes e fazer com que sintam-se bem, que construam seus sentidos em reflexões que prezem pela doação, pelo zelo, pelo amor.
De onde vim, para onde vou, quem me criou; se fui criado por algo ou alguma coisa, se existe um caminho ideal a seguir... Eu não sei. Por não saber, sinto certo alívio: vou vivendo, errando, acertando; sem ter medo do desconhecido. Não preciso saber de onde vim ou para onde vou. O mistério me basta. Não preciso saber, pois mesmo que precisasse ou quisesse, me seria impossível, já que as perguntas são muitas, as respostas, todas confusas e sem sentido. 
Não quero me desvencilhar deste tom de mistério que torna a existência tão interessante. Não deixarei de ser livre por imaginar uma resposta que me traga proibições, restrições e incessantes buscas por uma suposta perfeição. Quero viver e só... Para que grandes pretensões que se encerram em nada, preocupações por saber de qual a resposta que define todo conhecimento do universo? Pior ainda, por que escolher uma resposta e tentar convencer a todos de que ela é a melhor? Enquanto buscamos nos submeter a sentidos por demais etéreos, esquecemos da vida, esquecemos da felicidade, dada a preocupação com regras e princípios vazios. 
Prefiro nomear o desconhecido como desconhecido e nada mais. Me permito saber que não há como desvendar este tom de mistério em que a vida se faz. Nem por isto ela deixa de ser sublime; a sorvemos com todas as forças construindo um sentido, nosso sentido em meio ao tudo, ao nada... Entre o tudo e o nada, escolho o possível, o real e tudo mais que me proporciona a felicidade.

Escrito por Edward de A. Campanário, no fim de mais um ano que se esvai no tempo e no espaço.

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