Me deixo levar pelos sonhos...

Sonhos são os fundamentos que nos firmam em meio à instabilidade do mundo que nos cerca...

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"E assim eu me deixo levar pelos sonhos. Tenho em meu coração uma revolução em curso, a simples e grandiosa transformação que me permito sofrer e que tento levar aos que estão à minha volta: a simplicidade do olhar, a força da paz, a constância da humildade e a firmeza da própria esperança em si como essência que dá sentido ao levantarmos a cada dia."

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Dias estranhos estes nossos dias. Avança a humanidade no acesso à informação e à tecnologia e as mazelas que nos assolam são semelhantes às de séculos passados. No grande palco da vida muda o cenário no tempo e espaço e os atores, sendo que o enredo, em essência, é basicamente um drama com uns ou outros momentos de gracejos. Nele as vítimas e vilões estão quase que claramente definidos, havendo raríssimos momentos de surpresas verdadeiras. Em tais surpresas muda-se também o tempo, o espaço e os atores...

O germe da crise humana alcança resistência em meio às soluções paliativas que se repetem a cada governo ou sistema econômico ou social, já que não se idealiza uma via de transformação que clame à essência que nos move num espaço que deveria ser visto não como um conjunto de nações, mas como uma grande comunidade que padece de problemáticas e que precisa mutuamente se ajudar. E assim padecemos nós de nós mesmos, pelo outro, com o outro e o fazemos também padecer. Na verdade, ainda que patamares diversificados, todos somos vítimas do somatório de agonias que assola a existência. Evidente também que os níveis de mazelas são absurdamente variados, o que revela a gravidade desta lógica que rege, move e comove a humanidade.

Escrevendo tais palavras imagino que muitos devam me achar demasiademente pessimista. Creio que muitos dos que concebam tal visão sobre estas questões são justamente aqueles que se tornaram cegos de sua realidade ou alcançaram um lugar  ao sol para se aquecer do frio que acomete o mundo. Alguns realmente não enxergam o real, enquanto outros são capazes de virarem as costas para a humanidade, criando seu próprio mundo de luxos, regalias e sonhos estranhamente deslocados da selva em que vivem os incautos miseráveis de corpo e alma, sendo que os que povoam este falso mundo de ilusões são de todos os mais repugnantes!

Mas mesmo quando fito a face dura e cruel da realidade de mundos tão desiguais e proporções tão absurdas, não me permito ceder a crer que tudo está perdido. Ao ver o rosto maléfico e sombrio deste mundo que despenca em caos e misérias, vejo um também vulto sorrateiro de esperança que pode e deve nos conduzir a ir além desta letargia que a tudo consome. Considero, por fim, que o simples fato de eu ser capaz de ver sinais esperança já uma mostra de que a mudança pode estar em linha de curso, já que tenho a convicção de que muitos outros mais são capazes de ver até com muito mais intensidade que eu a possibilidade de uma nova realidade.

E assim eu me deixo levar pelos sonhos. Tenho em meu coração uma revolução em curso, a simples e grandiosa transformação que me permito sofrer e que tento levar aos que estão à minha volta: a simplicidade do olhar, a força da paz, a constância da humildade e a firmeza da própria esperança em si como essência que dá sentido ao levantarmos a cada dia.

Quero me permitir sonhar e idealizar um mundo melhor, agir em prol de tal mundo de forma concreta. Por isso me deixarei conduzir pelas torrentes ternas dos sonhos, respirar ares de novidades e sentir o aroma doce que há no vislumbre que se tem seu nascimento no profundo do coração e se concretiza nas ações que se perfazem neste mundo confuso, buscando alento, graça e paz...

Escrito por Edward de A. Campanário Neto

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