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28 de dez. de 2010

Reflexões de fim de ano

O tempo passa, a vida passa... até a uva passa
Minhas análises sobre o que se passou em 2010 e meus anseios para 2011


Assim como o tempo passa, 2010 também passou. Ano que escorreu pelas minhas mãos como água e, ao mesmo tempo, por alguns momentos, se arrastou em uma lentidão extrema... tudo isso é muito confuso: a sensação do tempo em seus tempos por todo o tempo. Mas independentemente do sentido, foi mais um período que se completou, mais uma etapa que faz parte daquilo que sou, daquilo que gostaria ser e até mesmo daquilo que jamais seria ou gostaria de não ser.

E interessante é que sempre que chegamos ao fim de ciclos nossa mente imerge em reflexões por vezes estranhas, marcadas pelo sentido de prestação de contas a nós mesmos, enumeração de erros e acertos e, mais ainda, pelo tracejar de caminhos outros para o novo ciclo que se iniciará.
Vejo isto como algo muito positivo, ainda que procure por momentos assim antes do ano se terminar, já que considero que o rumo da vida se dá em meio à caminhada, indo muito além da rota trilhada no período anterior e daquela planejada com tanto esmero ao seu início. Mas, por bem ou mal, temos que aceitar que não controlamos nossas vidas. Na verdade, o controle que há está somente no modo como reagimos, sendo que isto é uma questão bastante complexa, extensa e intensa...
E 2010 foi um ano bastante complexo, período onde refleti sobre questões da vida como nunca antes. Diria que foi o ano que mais me surpreendi, tanto em coisas boas como em experiências de dificuldade. E como sempre digo, surpresas são sempre surpreendentes, são válvulas que nos levam a ações mais ousadas, que nos levam a agir... são sacudidelas que nos lembram que estamos vivos e que a vida não se encerra na sensação de marasmo que às vezes nos engole. Surpresas, ainda que belas ou tenebrosas, nos revelam, trazem à tona a aquilo que temos em boa medida, em falta ou em exagero. São tão especiais em nos dizerem para acelerarmos, freiarmos ou até mesmo pararmos!
Tratando-se de fim de ano, quando algo se encerra, logo algo novo começa. E para 2011 eu tenho tantos aprendizados a levar adiante. Aprendizados estes advindos de pessoas que chegaram e partiram; de sonhos realizados ou não; de sonhos esquecidos e restaurados; de sonhos e desejos novos... sombras de 2010 que se farão vivas para sempre.
Posso dizer que, apesar de tudo, sou extremamente grato pelas vivências que se concretizaram em 2010. Certos momentos e mudanças tão belas foram capazes não só de florirem a aridez de perdas e dores do percurso, mas também de deixarem sementes tão promissoras para 2011. Isso em si é confortante e satisfatório. Potencialidades são parcelas fundamentais do que é real, já que muito do que alcançamos de real foi graças à força que nos impeliu, a esperança de que sementes dariam seus frutos. E é isso que carrego comigo, esperanças novas vindas de desejos arejados por novas consciências e vivências.
Tenho em 2011 muito mais para cultivar. Não só em questão de sementes, mas também novos jardins, novos campos. E ainda que eu não saiba exatamente quando ou que exatamente trarei dos frutos da terra, saberei que terei algo a cultivar, e me esforçarei para zelar por aquilo e aqueles a quem amo.
Não temerei o momento da colheita, já que ela dependerá de fatores que estarão fora de meu alcance, tais como chuvas, ventos, frio ou calor... mas estarei atento às minhas atitudes. Minha preocupação se dará com o modo como reagirei se por acaso chover demais ou de menos, ventar muito ou pouco, esquentar ou esfriar além da conta. Sendo assim, quero poder trazer frescor em meio à seca e calor, drenar e cobrir em meio às chuvas e frio...
Ah, e como eu anseio por reagir de forma diferente. Não queria me importar com as tantas questões que não valeram a pena, mas olhar para o que me edifica, olhar para o bem ao invés de às vezes sentar e lamentar o mal como se coisas boas nunca tivessem acontecido. Não sei porque chorei tanto o leite derramado se me havia no forno assando um pudim...
Não quero exigir que as pessoas reajam como eu gostaria, assim também como não quero que exijam de mim algo que não possa dar; não quero me achar imerecido da beleza da vida, imerecido por amar e ser amado; quero abandonar a culpa sobre meus erros e assumir a consciência de que preciso mudar, ainda que isto me custe tempo e paciência, custe os passos dos tamanhos de minhas pernas. Por fim, não quero pesar e medir as pessoas à minha volta, não quero ser juiz ou inquisitor, pois já fiz isso por tempo demais. Quero viver um ano onde eu seja eu mesmo sem invadir ou castrar a liberdade das pessoas à minha volta.
Repetindo as palavras de um sábio homem, desejo comer quando tiver fome, sorrir quando estiver alegre, chorar quando estiver triste, dormir quando tiver sono... Quero que 2011 seja um ano onde as minhas reações estejam em sintonia com a simplicidade para qual fui criado, simplicidade que clama pela gratidão de se viver com intensidade, com o sentido do dom concedido por Deus como dádiva maior em meio ao tudo e ao nada. Assim eu serei mais feliz, me realizarei muito mais.
Tudo isso pedirá que eu aceite o amor e ajuda de meus semelhantes sem me sentir menor, que eu ame intensamente e estenda minhas mãos sem nunca subir ao pedestal da vaidade e auto-suficiência.  Pedirá também que eu veja o passar do tempo como o caminhar da própria existência.
E diante do que me pede a vida, faço também meu pedido ao Criador:
“Ensina-nos a contar nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” Salmos 90.12

Escrito por Edward de A. Campanário Neto

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