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31 de jan. de 2011

O início


O que te diz o início de sua jornada como ser em meio à existência? Como se delineará sua história, as páginas de sua vida? Para onde esta jornada te conduzirá? 

"Tudo tem um início, um começo, uma história. Nossas vidas também são assim, possuem um enredo inicial que, através de um ciclo contínuo de ações e reações à nossa volta, se desenvolve de forma emocionante, dramática, engraçada, sombria... Geralmente não nos damos conta disso. Na verdade, muitos não veem a vida como um todo, como uma história, mas como recortes esparsos e fragmentados, o que não é nada bom.
(...) Devemos, tanto em momentos de extrema alegria e dor, consultar as páginas primeiras de nossa história. Lá encontraremos pessoas e fatos que nos conduziram até nossa atual situação. Veremos expectativas e sonhos de terceiros se realizando puramente em nossa vinda ao mundo. Haverá também episódios marcados por medo e dor, mas será que eles não poderão nos servir de modelo para superar as crises de agora?"

Tudo tem um início, um começo, uma história. Nossas vidas também são assim, possuem um enredo inicial que, através de um ciclo contínuo de ações e reações à nossa volta, se desenvolve de forma emocionante, dramática, engraçada, sombria... Geralmente não nos damos conta disso. Na verdade, muitos não veem a vida como um todo, como uma história, mas como recortes esparsos e fragmentados, o que não é nada bom.
Creio que grande parte da humanidade sofreu e sofre continuamente com essa concepção de realidade. As pessoas acabam por se destruir, tanto em momentos de prazer e otimismo, como em períodos de dificuldade. Vivendo desesperadamente se esquecem que tudo que se passa possui um início, meio e fim.
Principalmente em nossos dias, as questões se firmam no aqui e agora, perdemos muito tempo tentando nos convencer de que temos que aproveitar ao máximo nosso tempo: enquanto isso, esquecemos de viver!
De forma simples, desdenho aqui o mal do século, a assolação de todas as nações, onde ricos, pobres, brancos, negros, amarelos, pardos... padecem de um mesmo mal: a ansiedade. Anseiam por “aproveitar” ao máximo o hoje em uma obsessão maníaca pelo que virá nos seus amanhãs.
Os bons momentos da vida estão sendo artificialmente contabilizados com um sentimento que conduz ao conceito deturpado de que após os bons ventos sempre virão tempestades tenebrosas, de que devemos explorar ao extremo aquilo que nos traz prazer ou talvez não teremos outra oportunidade. Mas isso é um grande engano!
E quando os momentos ruins realmente chegam? Simplesmente olhamos a tudo com indiferença e desprezo, como se a vida sempre tivesse sido um poço e uma miséria. Nos esquecemos das belezas que contemplamos, das boas obras que realizamos e de que poderemos dar a volta por cima.
O “início” de nossa jornada tem muito a nos ensinar sobre isso. Ele nos diz que houve um começo, que houve muitos deles e, que a partir dele, haverá muitos outros. O início nos situa no tempo e espaço, nos orienta como uma bússola, sempre apontando para um norte ideal: o que eu era, o que eu sou e o que posso ser.
Devemos, tanto em momentos de extrema alegria e dor, consultar as páginas primeiras de nossa história. Lá encontraremos pessoas e fatos que nos conduziram até nossa atual situação. Veremos expectativas e sonhos de terceiros se realizando puramente em nossa vinda ao mundo. Haverá também episódios marcados por medo e dor, mas será que eles não poderão nos servir de modelo para superar as crises de agora?
Uma grande lição que o “início” nos dá se refere à nossa postura como indivíduos. Na verdade não somos donos absolutos de nossas vidas ou pelo menos não deveríamos agir como se fôssemos. Quando chegamos ao mundo tudo estava à nossa espera, tudo pronto. Já existiam aqui pessoas com sentimentos como os nossos. Com elas aprendemos e nos tornamos quem somos. Não nascemos por nossa vontade, não auto-existimos e nem sequer planejamos como nossa existência se daria.
O início, enfim, nos revela que fazemos parte da vida de cada um que compõe nossa esfera de convivência. Quer queiramos, ou não, tudo o que fazemos de bem ou mal a nós mesmos atinge nossos amigos, familiares, companheiros de trabalho e até mesmo nossos inimigos e desconhecidos.
Uma pessoa que decide por não viver e tira sua própria vida não matou só a si, mas a muitos; um dependente químico quando se droga, droga também sua família, destruindo-a pouco-a-pouco; o homicida, ainda que tenha matado a um só individuo, levou muitos à sepultura da tristeza; Sempre será assim. Na imensa carreira de dominós empilhados que é nossa vida e a vida de todas as outras pessoas cada peça derrubada desencadeará num processo contínuo, que desencadeará processos maiores e menores, num eterno elo que alcançará, ainda que inconscientemente, toda humanidade.
Pensar nos inícios nos conduz à proximidade das fontes da existência. Este exercício nos conduz à percepção de nossa condição de simples passantes neste mundo em um aprendizado para o novo início que se dará no momento em que seremos arrastados para os portões da morte. Tais portões nos levarão à misteriosa fronteira da existência e às saídas da vida. Lá todas as perguntas serão respondidas, as dores extintas e o grande sentido de tudo se revelará. Em meio ao nada de nosso todo estaremos diante do Início de todos os inícios, o Grande Início de existência que nunca teve começo e que jamais terá um fim.   
          
Escrito por Edward de A. Campanário Neto


Um comentário:

suavidade disse...

Todo fim já é um novo começo... uma nova possibilidade.
E todo começo já é uma nova trajetória pro fim.
Viver é ser fim e começo... tudo junto e misturado.