O que te diz o início de sua jornada como ser em meio à existência? Como se delineará sua história, as páginas de sua vida? Para onde esta jornada te conduzirá?
"Tudo tem um início, um começo, uma história. Nossas vidas também são assim, possuem um enredo inicial que, através de um ciclo contínuo de ações e reações à nossa volta, se desenvolve de forma emocionante, dramática, engraçada, sombria... Geralmente não nos damos conta disso. Na verdade, muitos não veem a vida como um todo, como uma história, mas como recortes esparsos e fragmentados, o que não é nada bom.
(...) Devemos, tanto em momentos de extrema alegria e dor, consultar as páginas primeiras de nossa história. Lá encontraremos pessoas e fatos que nos conduziram até nossa atual situação. Veremos expectativas e sonhos de terceiros se realizando puramente em nossa vinda ao mundo. Haverá também episódios marcados por medo e dor, mas será que eles não poderão nos servir de modelo para superar as crises de agora?"
Tudo tem um início,
um começo, uma história. Nossas vidas também são assim, possuem um enredo
inicial que, através de um ciclo contínuo de ações e reações à nossa volta, se
desenvolve de forma emocionante, dramática, engraçada, sombria... Geralmente
não nos damos conta disso. Na verdade, muitos não veem a vida como um todo, como
uma história, mas como recortes esparsos e fragmentados, o que não é nada bom.
Creio que
grande parte da humanidade sofreu e sofre continuamente com essa concepção de
realidade. As pessoas acabam por se destruir, tanto em momentos de prazer e
otimismo, como em períodos de dificuldade. Vivendo desesperadamente se esquecem
que tudo que se passa possui um início, meio e fim.
Principalmente
em nossos dias, as questões se firmam no aqui e agora, perdemos muito tempo
tentando nos convencer de que temos que aproveitar ao máximo nosso tempo: enquanto
isso, esquecemos de viver!
De forma
simples, desdenho aqui o mal do século, a assolação de todas as nações, onde
ricos, pobres, brancos, negros, amarelos, pardos... padecem de um mesmo mal: a
ansiedade. Anseiam por “aproveitar” ao máximo o hoje em uma obsessão maníaca
pelo que virá nos seus amanhãs.
Os bons
momentos da vida estão sendo artificialmente contabilizados com um sentimento
que conduz ao conceito deturpado de que após os bons ventos sempre virão
tempestades tenebrosas, de que devemos explorar ao extremo aquilo que nos traz
prazer ou talvez não teremos outra oportunidade. Mas isso é um grande engano!
E quando os
momentos ruins realmente chegam? Simplesmente olhamos a tudo com indiferença e
desprezo, como se a vida sempre tivesse sido um poço e uma miséria. Nos
esquecemos das belezas que contemplamos, das boas obras que realizamos e de que
poderemos dar a volta por cima.
O “início” de
nossa jornada tem muito a nos ensinar sobre isso. Ele nos diz que houve um
começo, que houve muitos deles e, que a partir dele, haverá muitos outros. O
início nos situa no tempo e espaço, nos orienta como uma bússola, sempre
apontando para um norte ideal: o que eu era, o que eu sou e o que posso ser.
Devemos,
tanto em momentos de extrema alegria e dor, consultar as páginas primeiras de
nossa história. Lá encontraremos pessoas e fatos que nos conduziram até nossa
atual situação. Veremos expectativas e sonhos de terceiros se realizando
puramente em nossa vinda ao mundo. Haverá também episódios marcados por medo e
dor, mas será que eles não poderão nos servir de modelo para superar as crises
de agora?
Uma grande
lição que o “início” nos dá se refere à nossa postura como indivíduos. Na
verdade não somos donos absolutos de nossas vidas ou pelo menos não deveríamos agir como se fôssemos. Quando chegamos ao mundo tudo estava à nossa espera, tudo pronto. Já
existiam aqui pessoas com sentimentos como os nossos. Com elas aprendemos e nos
tornamos quem somos. Não nascemos por nossa vontade, não auto-existimos e nem
sequer planejamos como nossa existência se daria.
O início,
enfim, nos revela que fazemos parte da vida de cada um que compõe nossa esfera
de convivência. Quer queiramos, ou não, tudo o que fazemos de bem ou mal a nós
mesmos atinge nossos amigos, familiares, companheiros de trabalho e até mesmo
nossos inimigos e desconhecidos.
Uma pessoa
que decide por não viver e tira sua própria vida não matou só a si, mas a
muitos; um dependente químico quando se droga, droga também sua família,
destruindo-a pouco-a-pouco; o homicida, ainda que tenha matado a um só
individuo, levou muitos à sepultura da tristeza; Sempre será assim. Na imensa
carreira de dominós empilhados que é nossa vida e a vida de todas as outras
pessoas cada peça derrubada desencadeará num processo contínuo, que
desencadeará processos maiores e menores, num eterno elo que alcançará, ainda
que inconscientemente, toda humanidade.
Pensar nos
inícios nos conduz à proximidade das fontes da existência. Este exercício nos
conduz à percepção de nossa condição de simples passantes neste mundo em um
aprendizado para o novo início que se dará no momento em que seremos arrastados
para os portões da morte. Tais portões nos levarão à misteriosa fronteira da
existência e às saídas da vida. Lá todas as perguntas serão respondidas, as
dores extintas e o grande sentido de tudo se revelará. Em meio ao nada de nosso
todo estaremos diante do Início de todos os inícios, o Grande Início de
existência que nunca teve começo e que jamais terá um fim.
Escrito por Edward de A. Campanário Neto
Um comentário:
Todo fim já é um novo começo... uma nova possibilidade.
E todo começo já é uma nova trajetória pro fim.
Viver é ser fim e começo... tudo junto e misturado.
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