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9 de nov. de 2010

A crise econômica dos EUA: diferenças entre Roosevelt e Obama

Através de comparações entre a Grande Depressão de 1929 e a atual crise econômica, podemos traçar um paralelo entre o governo Obama e governo Roosevelt. A percepção surgida desta reflexão joga por terra a aura de inovação de Obama, apontando seu sutil ranço conservador à velha natureza da política norte-americana

"Nos EUA, país onde surgiu a crise de 29 e também a atual crise, ambas pelos efeitos do livre mercado, o atual presidente é o democrata Obama. Ele foi eleito de forma popular e com o um forte discurso de inovação mas, diante da crise e dos desafios de governo, o que transparece é o mesmo discurso moderado e engessado pelo neoliberalismo, já que as verdadeiras soluções para a crise econômica foram testadas e aprovadas desde os dias de Roosevelt e são ignoradas em subserviência ao mesmo modelo capitalista selvagem de sempre."
Roosevelt foi o presidente americano do New Deal, o plano político, econômico e social que reverteu os efeitos da grande crise deflacionária que varreu o mundo. O plano seguia os princípios de um dos maiores economistas do mundo, John Maynardes Keynes, defensor da iniciativa pública e do chamado Estado de Bem Estar Social, sendo responsável por gerar um salto extremamente qualitativo na vida dos cidadãos dos EUA que haviam perdido seus empregos, sua estima, suas casas e as mínimas condições de vida.
O New Deal foi um verdadeiro marco na atuação do Estado na gestão da economia. O projeto, além de vencer a depressão, deixou na história a marca da eficiência da máquina estatal em conduzir uma nação e gerar condições humanamente dignas para os desamparados, que recorriam ao setor público e recebiam auxílio.
Infelizmente o New Deal passou, foi derrubado à força pelo lobby americano e pelo ideal de economia livre do neoliberalismo. Esta mudança desenvolveu-se, fincou raízes e, atingindo seu ápice de desenvolvimento, lançou o mundo em uma grande crise econômica que se arrasta desde meados de 2008, tendo repercussões e prejuízos nunca tão elevados em todo mundo.
Nos EUA, país onde surgiu a crise de 29 e também a atual crise, ambas pelos efeitos do livre mercado, o atual presidente é o democrata Obama. Ele foi eleito de forma popular e com o um forte discurso de inovação mas, diante da crise e dos desafios de governo, o que transparece é o mesmo discurso moderado e engessado pelo neoliberalismo, já que as verdadeiras soluções para a crise econômica foram testadas e aprovadas desde os dias de Roosevelt e são ignoradas em subserviência ao mesmo modelo capitalista selvagem de sempre.
Obama nunca foi um reformador! Sua política só possui aparência jovial e nada mais. Ao colocarmos Obama ao lado da figura de Roosevelt, vemos que de forma definitiva caem por terra todas as suas máscaras de inovação e renovação, pois seu governo é algo a ser considerado uma reformulação do governo Bush, que era declaradamente conservador e muito mais agressivo politicamente.
Concluindo minhas ponderações, posto na íntegra o trecho de destaque do Blog das Frases, da Carta Maior, onde foi apresentado com muita coerência uma reflexão entre a atual crise econômica, a atuação pífia e estranha de Obama e um olhar para o passado bem sucedido do New Deal:   

A tentativa do governo americano de purgar a crise interna com expansão da liquidez significa transferir os efeitos colaterais do colapso americano para os países em desenvolvimento. A equação paradoxal manipulada pelo FED e a Casa Branca fortalece a economia no núcleo duro do capitalismo ao desvalorizar a moeda de troca elevando a competitividade das suas exportações para gerar crises de superliquidez no resto do mundo. Sobretudo o mundo pobre e em desenvolvimento perde fôlego comercial e capacidade soberana de coodenar sua economia, por conta da invasão de capitais especulativos vazados das burras do Tesouro gringo. A inexistência de um movimento socialista forte no resto do mundo, a exemplo do que havia nos anos 30, e depois da Segunda Guerra, permite que Obama promova 'esse repasse do ônus', sem maiores riscos. Durante o governo Roosevelt, iniciado em 1933, deu-se o oposto. Para reverter a crise de 29, foi necessário que o Estado americano assumisse o comando da economia à revelia dos mercados e deflagrasse uma inédita política desenvolvimentista de recorte estatal feita de gigantescas obras públicas, ações sociais e frentes de trabalho. Omitir-se então, e transferir o ajuste aos mercados pela superliquidez,como agora, significaria abrir espaço ao avanço do movimento socialista europeu e do poder sindical dentro dos EUA. A ausência dessa linha de resistência interna e externa explica o impasse no G 20 e a conversa mole de busca de coordenação internacional quando na verdade o que interessa aos EUA é destruir qualquer articulação política que possa se opor aos desígnios do seu ajuste unilateral. O corolário desse teatro foi expresso por Barack Obama nesta 2º feira na Índia. Com escárnio, o democrata, que fica cada dia menor à medida em que a crise se agiganta, disse sobre as ações do FED e do Tesouro: 'O que é bom para os EUA é bom para o mundo". O único lugar no mundo que pode dar uma resposta consequente a Obama é a América Latina com seu colar de governos progressistas dotados de uma incipiente capacidade de coordenação. 

Escrito por Edward de A. Campanário Neto

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