Páginas

16 de out. de 2010

Escravos do Tempo


Não se sabe ao certo quando o ser humano passou a contar o tempo e se preocupar com sua relação com o mesmo, mas é consenso que o início desse processo transformou de forma decisiva a vida em sociedade.

Assim que as atividades sociais se tornaram mais complexas, surgia e se intensificava a necessidade de se demarcar de forma mais precisa o tempo. As antigas civilizações se utilizavam do movimento dos astros como referencial de seus cálculos, o que originou o calendário e os primeiros relógios de sol.

Hoje, com o avanço da tecnologia, alcançamos técnicas magnifícas de demarcação do tempo. Já existem os relógios atômicos, que de tão precisos, registram a marca ínfima de atraso de 01 segundo a cada 65 mil anos.
Quando refletimos sobre o tempo fica bastante claro que a evolução tecnológica produzida pelo ser humano é tão impressionante quanto sua fragilidade diante de sua própria produção. Infelizmente, tal fragilidade fez com que sociedade se rendesse aos bens de consumo, ao capital e às falsas ilusões de um mundo que parece estar sempre em "ordem".
O tempo, um dos instrumentos de controle da dita ordem, contado de forma tão precisa, acabou por elevar-se ao patamar do impessoal, tornando-se Tempo, o tirano dominador de todas as relações que regem nossas vidas. Somos escravos e prisioneiros do Tempo.
Do mesmo modo que narra a mitologia grega, somos diariamente devorados por Kronos. O Tempo nos deixa preocupados, tensos, minimiza nossos momentos de alegria e, às vezes, parece eternizar períodos de dor e dificuldade.
Eu não tenho tempo, e você também não. Enquanto as relações sociais não se humanizarem o Tempo nos terá, seremos dele. Essa poesia, cujo autor é desconhecido (talvez não o Tempo não permitiu que ele(a) escrevesse seu nome), descreve tal pertencimento:

"Tudo passa muito rápido, às vezes dá tempo,
às vezes não dá tempo para pensar
mas já faz um tempo que eu não encontro sentido,

nem vejo motivo, para tudo estar, como está..."

(fragmento)


Escrito por Edward de A. Campanário Neto

Nenhum comentário: