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19 de out. de 2010

Amor Sem Fronteiras



Amor sem Fronteiras nos leva a lembrar a quem deveria servir a política e o ativismo: aos oprimidos


A realidade está aí, diante de nossos olhos, mas é uma pena não termos sensibilidade suficiente para enxergá-la da forma adequada, analisando seus padrões desiguais e buscando um modo de vida e de pensamento que venham quebrar esta lógica tão perversa que impera em nossos dias.
Como sempre costumo dizer, infelizmente, a mídia já ocupou seu papel há muito tempo, banalizando através de seus noticiários e sua grade de programação a vida humana e o que há de mais puro em cada um de nós. Mais infeliz ainda é o fato de ser necessária a ficção e a ousadia de alguns diretores e produtores nos obrigarem a refletir sobre a desgraça na qual foi lançada a humanidade. Uma verdadeira lástima!
Depois de lançar comentários sobre o filme nacional Anjos do Sol,  acho que cabe também uma reflexão sobre o filme Amor sem Fronteiras, que traça um panorama real do que são as guerras civis, a fome e as precárias condições da reles ajuda humanitária que é dispensada pela mão ingrata dos países poderosos e dos grandes conglomerados internacionais.
Amor sem Fronteiras foi lançado 2003, produzido por Dan Halsted e Loyd Phillips, que abordam a trama de um médico que trabalha voluntariamente em missões humanitárias e uma influente e rica socialite, que o conhece e se comove com a extrema miséria e morte em um campo de concentração na Etiópia, o que a leva a dedicar sua vida em prol de ações verdadeiras pelos oprimidos.
O filme é tragicamente belo, pois mostra sem sensacionalismos a pobreza, realizando um contraste espetacular com a hipocrisia da sociedade capitalista e daqueles que dela se beneficiam. Fica claro e evidente, ainda que não seja de forma direta, que a história aponta para o fracasso do modelo social que alimenta a fome, a guerra, o tráfico internacional de armas e drogas, o genocídio e a xenofobia.
Para assistir Amor sem Fronteiras se faz necessário um pouco de ousadia, pois as imagens são duras e de bastante impacto, tendo o poder se revelar o quanto nós somos sujos e imundos em nossa mentalidade de consumo tão mesquinha e egoísta. O filme, na verdade, realiza o encontro entre nós mesmos e nossas mais profundas e covardes mentalidades enrustidas por anos de comerciais de bancos, celulares, produtos de limpeza, produtos de grife e contato com a burguesia podre do núcleo rico de Copacabana nas novelas das oito.
Desafie a si mesmo e dê uma chance à reflexão sobre este modelo de sociedade. Assim que você o fizer, pergunte para si mesmo e para os que estão à sua volta se esse mundo é o ideal. Vá um pouco além, pergunte como se seria se você ou seus filhos estivessem na base mais sombria da diabólica pirâmide de divisão do capitalismo!

Escrito por Edward de A. Campanário Neto

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