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28 de out. de 2010

Século XXI: um poço de contradições


Estamos num estado global de cegueira diante dos fatos. O pior de tudo é que nos tornamos cegos por opção



"No século XXI a emoção humana passou a ser movida pelas mãos do consumo e sua rede diabólica. Nos emocionamos muito mais com uma bela propaganda de fast food ou de um grande banco do que com as mãos fraquejadas dos trabalhadores explorados que constroem ao preço de dor sua tão lastimável história. Sim, de trabalhadores, homens e mulheres, que carregam em seus ombros a angústia de não saberem se terão algo para responder aos seus filhos quando eles disserem: "Estamos com fome!"Todos nós estamos em dívida com os famintos e miseráveis desta terra! Somos nós os responsáveis, pois os que se calam e consentem com o mal são piores que seus próprios autores."



O século XXI sempre foi esperado sob um viés de expectativas históricas e projeções otimistas. Quando ele enfim chegou, logo toda essa aura transcendental se desvaneceu. A humanidade entrou de forma equivalente em um dilema revelado por um otimismo cego e por uma depressão social, tendo em seu meio um campo de batalha onde todos lutam por seu espaço, e nada mais.
O pouco que se pode dizer da primeira década deste século, e das vindouras, é que enfrentaremos um mundo marcado por contradições extremas e crises profundas. Os cenários de pobreza, fome, riqueza e luxo estarão dispostos lado a lado, bailando como em uma ciranda sombria e macabra, que culminará com a destruição total do que ainda nos resta de humanos.
Pode parecer pessimismo demais crer que o mundo caminha para um caos profundo, mas contra fatos não há dúvidas! As mudanças e avanços econômicos e científicos não de passaram de instrumentos para desnivelar ainda mais a parcela de seres humanos que gozam de luxo e poder daqueles que nasceram, cresceram e morrerão na miséria total. As muitas técnicas de multiplicar riqueza se aprofundaram, mas as poucas que prezavam por sua divisão foram quase que totalmente esquecidas, restando somente na memória dos mais velhos, nos livros de história e nos corações de homens e mulheres, que deveriam ser considerados heróis da humanidade, mas são denominados sonhadores e fanáticos.
Em nosso tempo as empresas e grandes corporações globais estenderam os tentáculos de sua influência por todo o mundo, criando uma era de terror, prisões e opressões invisíveis. Todos somos vítimas, mas nem todos sabemos ou nos importamos com isso.Infelizmente, os olhos da humanidade se encantaram com o brilho da vitrines, shoppings e comerciais milionários, ficando totalmente cegos ao se negarem a ver a fome no mundo e a desgraça de nações inteiras. Nosso ouvidos, tão atentos às músicas de artistas pops inventados por campanhas publicitárias e marketeiros, ficaram surdos ao ignorar o choro de crianças que dormem quase todas as noites sem terem comido um pedaço de pão! Enquanto a humanidade clama de seu abismo de desgraças, abismos estes criados por uma elite mundial que acumula bilhões como se fossem centavos, nós todos nos silenciamos, embalados pelo canto da morte, vendido como belo todos os dias por uma mídia suja e calculista.
No século XXI a emoção humana passou a ser movida pelas mãos do consumo e sua rede diabólica. Nos emocionamos muito mais com uma bela propaganda de fast food ou de um grande banco do que com as mãos fraquejadas dos trabalhadores explorados que constroem ao preço de dor sua tão lastimável história. Sim, de trabalhadores, homens e mulheres, que carregam em seus ombros a angústia de não saberem se terão algo para responder aos seus filhos quando eles disserem: "Estamos com fome!"Todos nós estamos em dívida com os famintos e miseráveis desta terra! Somos nós os responsáveis, pois os que se calam e consentem com o mal são piores que seus próprios autores. Afinal, estamos muito ocupados com nossos celulares, ipodes, computadores, festas, badalações, perfumes caros, prestígio social, roupas de grife... ocupados demais para sequer lembrar que enquanto estamos no abrigo de nossas casas há aqueles que padecem sobre o frio e temor da noite, das ruas, das sombras, do medo.Me pergunto quando haverá o despertamento dos covardes que têm condições de lutar. Até quando nos esconderemos atrás de partidos políticos, ideologias e religiões para justificarmos somente nossos próprios interesses? As respostas a essas perguntas podem mudar o mundo e, além disso, nos salvar da condenação que nos aguarda. Afinal, nossos acusadores serão uma multidão sem fim de jovens, homens, mulheres, idosos e toda sorte de oprimidos, miseráveis, famintos, enfermos... Ainda que creiamos ou não na existência da vida após a morte, a vida aqui, hoje e agora, continuará a fazer seu próprio juízo através da violência, da depressão e de uma busca desenfreada por uma identidade que nos foi roubada por nossas próprias atitudes egoístas!

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