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29 de out. de 2010

Ecos do Passado

“Sempre considerei o passado um aliado eficiente na construção cotidiana de meu próprio ser, ainda que isto implicasse em renúncia ou aceitação plena do que já se foi.”



É impressionante como o passado nos acomete e nos conduz a revivê-lo diariamente. Ele nos insere em um círculo que sempre nos faz olhar para o que já se foi, onde o presente é o ontem que ainda não passou, enquanto o futuro é o hoje que ainda não chegou. De forma magnífica vivemos de analisar as situações passadas na esperança de alcançar sucesso ou evitar as frustrações nos momentos em que temos nas mãos uma decisão a ser tomada.
Todos são assim. Uns já se deram conta desse eterno olhar para trás, outros não, sendo que há aqueles que se auto-enganam no fingimento de esquecer o passado. A verdade é que o passado nunca morre ou se desvanece, ele sempre permanece, indo e vindo entre os mais profundos desejos, medos, desafios e anseios. Seu formato é o de uma curva infinita em direção ao mais íntimo e profundo de nossa existência.
O passado tem uma representação tão forte em nossas mentes que, ao nos arremetermos aos confins de nossas lembranças, somos bombardeados pela dúvida e confusão de não termos registros de quando éramos bem pequenos. Parece que um elo interno foi rompido e nos sentimos num vazio incompreensível e etério.
É essa dúvida sobre o que éramos antes de existir e do que seremos após a morte é que nos conduz a viver, a buscar um sentido a tudo o que nos rodeia, desde à obra da criação aos sentimentos, ideologias, ações e reações.
Nessa busca incansável de “ser” é que tomei a consciência do quanto vale a vida, mesmo sem entendê-la em sua essência ou totalidade. Percebi que cada dia por mim vivido é um registro único que ecoará por toda eternidade, como ondas provocadas por uma pedra lançada à água. Creio que isso seja um presente de Deus, uma oportunidade que se renova de podermos ser, crer e fazer diferente, ainda que tudo se mostre constante ou tempestuoso.
Por mais alegres ou dolorosos que tenham sidos meus dias, eles não poderão ser esquecidos ou ignorados. Terei de me fazer aprendiz de sua sabedoria para assim apropriar-me verdadeiramente e integralmente daquilo que sou e que pretendo ser.
Não posso mudar meu passado, mas posso mudar a mim mesmo em função dele. Quero seguir assim a cada dia: fazer notória minha personalidade, sendo um eterno aprendiz na caminhada do conhecido rumo ao desconhecido. Fazer de cada experiência uma reflexão que me traga esperança e forças para ir além.     

Escrito por Edward de A. Campanário Neto

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