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16 de out. de 2010

A queda do império

A queda das torres norte-americanas do Word Trade Center em 2001 parecia ser um prelúdio do caótico momento que o país vive nos dias hoje. Foi o marco de uma nova era que trouxe mudanças efetivas tanto na mentalidade quanto na política dos EUA, interna e externamente.


Após sofrer tais atentados terroristas, o gigante americano armou-se de seu patriotismo dogmático - e de seu poderio bélico, claro - e avançou em um conflito militar e ideológico contra o terror, que culminou com a invasão do Afeganistão e Iraque. Parecia um plano perfeito, uma guerra limpa, rápida e barata. Puro engano. A guerra se arrasta, manchada de atrocidades e mortes de civis e militares, ao custo de bilhões de dólares.
Os EUA lançaram seus olhos ao mundo e se esqueceram de resguardar sua própria nação. A busca desenfreada por seu "modo de vida americano" somada aos gastos exorbitantes de uma guerra burra e cruel conduziu sua economia, o "colosso do mundo", a patamares desastrosos. Ao longo de um ano, pouco à pouco, bancos falem, o desemprego cresce, a inflação aumenta e seu povo perde sua riqueza. Grande ironia do destino.
A economia americana, antes vista como o sistema infalível do capitalismo neoliberal, se elevava sobre as nações pobres e emergentes como o "olho que tudo vê", representada, literalmente, pelo olho de Hórus na estampado cédula de um dólar. Era considerada a moderação, a razão econômica pura e eficaz que sondava os demais países e que intervinha com as mãos, às vezes cruéis, do FMI (Fundo Monetário Internacional). Toda política econômica do globo só se referendava se estivesse sob sua bênção. Mas toda essa vaidade ruiu em desgraça. Como Narciso, os EUA se contemplavam, se encantavam com si mesmos, até se afogarem em meio aos seus erros, que até há pouco, eram ignorados.
Aonde estavam o FMI e o FED (banco central dos EUA) quando estourou a bolha imobiliária americana? Estavam seduzidos pelo deus chamado Mercado, no Templo das Bolsas de Valores sob o encanto dos Sacerdotes Especuladores. Ao acordarem de seu longo sono - de quase uma década - com o beijo da recessão, começaram, enfim, a enxergar com seus olhos, ainda com remelas, que precisariam intervir, moderar e agir com pulso forte.
Os fatos que marcaram as manchetes do mundo sobre a crise imobiliária americana muito se assemelharam com o cenário da crise econômica que atingiu o Brasil no final da década 90. Bancos falindo, desvalorização de moeda, quedas agressivas nas bolsas de valores, inflação em alta, desemprego, empresas estrangeiras engolindo empresas nacionais... É inegável a queda do império americano.
Até mesmo a chamada cartilha neoliberal foi afetada em meio a crise. Na hora que o bicho pegou, a "liberdade de mercado" foi logo limitada com a intervenção estatal. Para não piorar o quadro, o governo americano decidiu salvar as financeiras Fannie Mae e Freddie Mac da falência depois da constatação de um rombo de mais de US$ 300 bilhões. Vale lembrar que o termo "salvar" significa usar dinheiro público de impostos pagos pelos cidadãos para livrar empresas ou instituições da ruína. O prejuízo dos especuladores foi dividido entre pessoas de todo o país, entre ricos, a classe média e os pobres.
O século XXI aponta para um novo horizonte, para o declínio do império americano. Não que isso signifique o fim dos EUA como potência mundial. Trata-se do fim absoluto de seu domínio hegemônico e imperialista. A gigante águia americana está ferida, enquanto o Brasil, a Rússia, Índia e China se fortalecem a cada dia mais. É um novo gigante: o BRIC.

Escrito por Edward de A. Campanário Neto

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